Teste exclusivo: Nissan GT-R, o matador de Ferraris

09-04-2011 13:45

 

Andamos com o superesportivo no Brasil e nos surpreendemos – para o bem e para o mal
  • Texto: Rodrigo Ribeiro
  • Foto: Mário Villaescusa

(08-04-11) – Sempre que lojas como a Só Veículos cedem um veículo ao WebMotors, procuro pesquisar tudo sobre o carro antes da avaliação. Isso porque o test-drive tem percurso e duração restritos, devido ao seguro e o cuidado que o carro (que ainda será vendido) requer. Então, antes de abrir a porta do Nissan GT-R 2011 preto, já esperava uma aceleração rápida (0 a 100 km/h em 3,6 segundos) e potência de sobra (480 cv a 6.400 rpm) em um carro que cobra relativamente pouco (R$ 429 mil) por seu desempenho. Mas fui surpreendido novamente.

Enquanto me deslocava até a região onde faríamos as fotos e o vídeo do esportivo (que será publicado em breve), acelerei com cuidado o carro, visando evitar coices e arrancas involuntárias típicas de modelos turbo de alto desepenho. Nem precisava, pois as duas turbinas só começam a sobrealimentar de verdade o V6 de 3,8 litros a partir das 4.500 rpm. Até lá, você tem em mãos um cupê médio com desempenho apenas moderado para seus 1.740 kg.


Estilingue japonês
Sabe todas aquelas avaliações em que o repórter fala do “coice na aceleração”, a “força G pressionando o corpo contra o banco” e a “sensação de estar sendo catapultado”? Apesar de serem clichês, todas as frases se encaixam perfeitamente para descrever a aceleração do GT-R.

Assim que o conta-giros se aproxima das 5 mil rpm, os turbos entram em ação e começam a despejar os 60 kgfm de torque nas quatro rodas. Neste momento, tudo é impressionante. O carro arranca com uma ferocidade digna de 
Ferrari, com o bônus do barulho do escapamento quádruplo e do assobio característico de motores sobrealimentados. Dá a impressão de que o carro manterá a aceleração descomunal até sua velocidade máxima de 310 km/h.

Mas a curva chega rápido – muito mais do que você esperava. Felizmente os freios Brembo fazem com que qualquer amador consiga parecer um piloto profissional aos olhos de seu passageiro. O que mais impressiona é que o sistema estanca o cupê com tanta eficiência que o ABS sequer é acionado. Nesse ponto o motorista ainda é brindado com o som das rápidas reduções de marcha do câmbio automatizado com duas embreagens e seis marchas. Diminuiu a velocidade para limites aceitáveis? Hora de virar.

Sobre trilhos
E esta é, na minha opinião, a maior virtude do GT-R. O sistema de tração integral faz com que qualquer curva seja passível de ser contornada até o limite de aderência dos pneus – que, diga-se, não é baixo. Com um complexo sistema de transmissão que inclui o câmbio no eixo traseiro e transeixo e cardã para conectar o trem de força, o GT-R é assentado como um carro de corrida.

Não é exagero. Alguns já passaram por aquela situação em que perceberam estar rápidos demais para contornar uma curva e pensaram “não vai dar”. Pois bem, com o GT-R dá. Para os que ainda acham que este Nissan faz curvas como qualquer esportivo, confiram o tempo de volta dele em 
Nürburgring. E para quem quer mais a Nissan acabou de lançar o GT-R 2012, com 530 cv e máxima de 315 km/h.

Ok, a vida não é só feita de autódromos e avenidas semi-desertas. Então vamos esperar o óleo esfriar (facilmente verificável pela telemetria on-board, que falarei logo abaixo) e ligar o som Bose para observar como o GT-R se comporta no dia-a-dia. Adianto: não é bom.

Vida dura
Tudo bem que reclamar que esportivos são duros para o asfalto brasileiro é quase sempre uma injustiça – afinal, eles foram feitos para as lisas estradas e ruas europeias, e o sistema visa muito mais desempenho do que conforto. Porém mesmo quando ajustada para seu modo mais macio, a suspensão do GT-R simplesmente é incapaz de absorver as irregularidades do asfalto. Passar por emendas de pontes e outras irregularidades é um martírio para o corpo, em especial para os ouvidos, pois mesmo bem isolada acusticamente, a cabine gera ruído.

É possível fazer um esportivo capaz de rodar nas capitais brasileiras sem que o dono faça a cotação das peças da suspensão logo no primeiro final de semana – 
BMW M3 e Mercedes-Benz C63 AMG estão aí para provar isso. A seu favor, o GT-R tem o desempenho em curvas fora do planeta e muito superior ao dos dois alemães supracitados. Mas se seu proprietário não for levar o carro aos (poucos) autódromos pelo país, cada passeio com o GT-R será uma eterna busca por trechos de asfalto liso.

No meio dessa montanha russa de virtudes e defeitos, não podemos deixar de lado outras características deste Nissan. Começando pelo visual, repleto de vincos e dobras por toda a carroceria. É um pouco ame-o ou deixe-o, mas faz com que o cupê de 4,65 m de comprimento não passe batido nem para o mais indiferente dos passantes.

GT-R no GT5
Dentro da cabine há tudo o que os jogadores de 
Gran Turismo 5já viram e um pouco mais. A coluna de direção tem regulagens independentes de altura e profundidade – dá para ajustar somente a distância sem mudar a altura. Aliás, quando o volante sobe e desce, o painel vai junto, igual ao 350Z.

Outra coisa que só aparece em partes no videogame é a tela de cristal líquido no console central. Nela o computador de bordo finalmente faz jus ao termo “computador”. Tudo o que acontece com o GT-R aparece lá. Pressão do turbo, percentual de aceleração e frenagem, medidor de força G (lateral e longitudinal) e até consumo instantâneo e médio. Apesar de achar que o comprador deste Nissan não busca grandes autonomias, aí vai o consumo médio divulgado pela Nissan nos EUA: 7,6 km/l.

O sistema, que inclui cronômetro controlado pelo volante, dá a sensação de se estar no Gran Turismo. Tem lógica: a empresa Polyphony ajudou a desenvolver o jogo e o sistema multimídia do Nissan GT-R. Ah, um comentário sobre o espaço interno: não confie na ficha técnica, pois neste esportivo só cabem duas pessoas. Os bancos de trás são ótimos para colocar malas presas ao cinto de segurança, e só.

Bom para os outros
No retorno à Só Veículos, deu para perceber que o GT-R cobra caro por sua primorosa dinâmica. Se vivêssemos na Europa ou Estados Unidos, diria que esse é esportivo ideal para quem quer andar junto com uma Ferrari e pagar 70% a menos por isso. No Brasil o GT-R é um ótimo carro – para autódromos e algumas poucas estradas. Mas justiça seja feita: quando você anda rápido com o GT-R, aprende a perdoar sua dureza de ser.

Veículo gentilmente cedido pela loja 
Só Veículos

Nissan GT-R 2011

Motor Seis cilindros em "V", dianteiro, longitudinal, 24 válvulas, 3.799 cm³, biturbo
Potência 480 cv (gasolina) a 6.400 rpm
Torque 588 Nm / 57 kgfm (gasolina) a 3.200 rpm
Câmbio Automatizado com dupla embreagem, com seis marchas
Tração Integral
Direção Por pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
Rodas Dianteiras e traseiras em aro 20” de liga-leve
Pneus Dianteiros 255/40 R20 e traseiros 285/35 R20
Comprimento 4,65 m
Altura 1,37 m
Largura 1,89 m
Entre-eixos 2,78 m
Porta-malas 315 l
Peso (em ordem de marcha) 1.740 kg
Tanque 71 l
Suspensão Dianteira e traseira independente, tipo duplo braço em A, com barra estabilizadora

Admito que isso me decepcionou. “Cadê as acelerações descomunais, o desempenho em curvas absurdo e os freios soberbos?”, me perguntei, lembrando-me de todos os elogios publicados sobre o GT-R em 2007, época de seu lançamento. Porém bastou entrarmos em uma avenida com pouco movimento para eu entender.
Freios
Disco ventilado na dianteira e traseira
Preço R$ 429.000

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