Sandero automático enfrenta Fox automatizado

19-10-2011 12:27

Compactos adotam fórmulas diferentes para facilitar a vida no trânsito. Qual se sai melhor?

Guilber Hidaka

Renault Sandero Priviège custa R$ 44.190, e VW Fox Prime é oferecido por R$ 39.770

 

A última vez que o Sandero cruzou a frente do Fox em Autoesporte, deu Volkswagen na cabeça. Na época (em 2009), o Fox havia acabado de ser reestilizado, e não teve dificuldade em bater não apenas o hatch da Renault, mas também o Punto e o Agile. Agora, os dois se reencontraram. O Fox I-Motion continua o mesmo, mas desta vez o Sandero mudou. Além da leve alteração visual, traz câmbio automático por um preço bem competitivo. Será que o Fox mantém a preferência?

Como o elemento surpresa aqui é a transmissão, vamos começar o jogo por ela. A troca automatizada é uma alternativa para quem está cansado do câmbio manual e pretende dar folga ao pé esquerdo e à mão direita, sem pagar o preço de uma transmissão automática autêntica. 

Em movimento, as diferenças entre os dois tipos de câmbio ficam evidentes. O Sandero oferece trocas bem mais suaves que o Fox, embora tenha apenas quatro marchas. A VW continua a ser referência quando o assunto é transmissão automatizada (supera o Fiat Dualogic e o Chevrolet Easytronic), mas não chega a ser tão sereno como um genuíno automático. Aliás, está muito longe disso.

 

Guilber Hidaka

O Fox ganha em estilo, mas o Sandero é o rei do espaço

 

A maior diferença é que na caixa automatizada as trocas são mais demoradas. Como se trata de um câmbio manual com trocas robotizadas, é possível identificar claramente o hiato existente entre o desengate de uma marcha e o engate da próxima. Nesse momento de desaceleração, em que não há nenhuma marcha engrenada, há uma leve movimentação do corpo para frente, por inércia. Nos automáticos, esse intervalo é bem menor.

Além do tempo de engate, há outras diferenças entre os sistemas, afora a presença do conversor de torque no automático e do conjunto platô-disco no automatizado. Uma delas é que, se você parar em um leve aclive e soltar o pedal de freio, o Fox volta, coisa que não ocorre nos automáticos. O sistema ASG (Automated Sequential Gearbox) da VW antecipa as trocas. Por causa disso, assim que o carro entra em movimento ele já engrena a segunda. O objetivo da fabricante com as trocas em giros baixos foi melhorar a economia, mas à custa de perda de parte da agilidade que caracteriza o carro.

Guilber Hidaka

Sandero sai mais lento do que o Fox. Na pista, o Renault chegou a 100 km/h em 13,5 s; 1 segundo a mais que o rival

 

Para contornar esse comportamento nem sempre desejável, é preciso pisar mais fundo no acelerador (o que compromete o consumo), acionar o modo esporte (botão S, que também aumenta o gasto) ou trocar as marchas manualmente. Nessa última alternativa, o Fox leva vantagem sobre o Sandero, porque só ele tem borboletas no volante. Os dois ainda oferecem possibilidade de trocas na alavanca, e também nesse caso o VW se sai melhor. No Fox, a alavanca pequena é bem mais estilosa que a do Renault, tem uma marcha a mais e conta com iluminação, recurso útil à noite e indisponível no Sandero.

Se no dia a dia o automático da Renault agrada mais que o robotizado da VW, em algumas situações o Fox é melhor. Caso de rampas íngremes. Em subidas mais fortes, o Sandero chega a pedir primeira marcha, num trecho em que o Fox faz em segunda, sem forçar muito. Quem quer arrancadas mais fortes também vai encontrar mais satisfação no VW. Como não tem conversor de torque (componente que confisca parte da potência do motor), na prova de aceleração de 0 a 100 km/h o Fox precisou de 12,5 segundos, ou um segundo a menos que o Sandero (13,5 s), apesar da diferença de potência.

Guilber Hidaka

 

O 1.6 do Fox (oito válvulas, comando simples) rende 104 cavalos, enquanto o 1.6 do Sandero (16 válvulas, dois comandos) dispõe de 112 cv. O torque é quase o mesmo (15,6 kgfm no Fox, 15,5 no Sandero), mas no Volkswagen ele está disponível já a 2.500 rpm, uma rotação bem mais baixa que os 3.750 giros do Renault. Isso explica as retomadas melhores do Fox. Quanto ao consumo, nenhum dos dois é muito econômico, mas o Fox gastou um pouco menos na cidade e bem menos na estrada, como pode ser visto no quadro de resultados.

O Sandero está bem mais silencioso, resultado da melhoria no isolamento acústico da linha 2012. Por causa disso, ouvem-se menos os ruídos do motor, da transmissão e da suspensão. Mesmo assim, o Fox ainda é um pouco mais silencioso, como pode ser conferido no teste do decibelímetro.

Guilber Hidaka

Acabamento interior do Sandero melhorou muito desde seu lançamento

 

Em termos de espaço, não há surpresas. O hatch da Renault é o único da categoria capaz de acomodar com conforto cinco pessoas, tamanho G. O Fox também tem teto alto, o que aumenta a sensação de espaço. Com 1,54 m de altura, o VW é 1,5 cm mais alto que o Sandero. Mas em largura e comprimento o Sandero leva clara vantagem: o Renault é 10 cm mais largo e 20 cm mais comprido. Isso significa maior área livre para pessoas e bagagens. Pelas nossas medições, o Sandero tem capacidade para 318 litros, contra 257 litros do Fox.

Se em espaço o Sandero é imbatível, em termos de conforto o Fox leva a melhor. As duas versões topo de linha são bem equipadas, mas o Fox leva algumas vantagens em termos de conforto: nele, o volante é ajustável em altura e profundidade (só em altura no Sandero). Além disso, todos os botões dos vidros têm função “um toque”, facilidade inexistente no Renault. O marcador de combustível do Sandero não merece muito crédito, porque é bem impreciso (marca mais que o real). Os dois vêm com computador de bordo. O Renault não tem termômetro de temperatura externa, informação presente no Fox, só que de forma inexata: na semana em que os termômetros de São Paulo registravam as temperaturas mais baixas do ano, para o “nosso” Fox estava fazendo 33 graus. Haja otimismo!

Guilber Hidaka

O espaço é menor no Fox, mas o compacto da VW oferece mais conforto do que o concorrente

 

Quanto ao estilo, as mudanças feitas no Fox no final de 2009 foram muito mais profundas que as do Sandero há dois meses. No Fox, é evidente a melhora, tanto por fora como por dentro. No Sandero, a gente sabe que o carro mudou. Só não há unanimidade quanto ao resultado (há quem prefira o antigo).

Com câmbio manual, o Fox continua a ser a referência da categoria. Mas a automatização prejudicou uma das melhores características do veículo, que é a suavidade da transmissão. Num comparativo entre as versões manuais, o Fox provavelmente confirmaria seu favoritismo. Mas desta vez o Sandero leva.

 

 

 

FONTE: Auto Esporte

 

Tópico: Sandero automático enfrenta Fox automatizado

Não foram encontrados comentários.

Novo comentário