Relembre do Renault R16

01-12-2010 00:01

Renault R16 

De tempos em tempos a indústria automotiva aposta em conceitos de design diferenciados, que no início parecem exóticos mas depois caem no gosto do povo até se transformarem em um novo segmento. Foi assim com os hatches nos anos 70, as minivans nos 80 e os utilitários esportivos nos 90. Entre esses criadores de tendência está o pioneiro hatch Renault R16, apresentado pela primeira vez em 1964. 


Ele inovava ao combinar a proposta de um sedã com a personalidade de uma perua num carro de dois volumes e com perfil fastback. Além das quatro portas laterais, havia uma quinta traseira, que dava acesso ao porta-malas, expansível por meio do rebatimento do banco traseiro. Era uma configuração de porta-malas que o Renault R4 já adotava desde 1961 – só que este tinha uma proposta mais rústica e dimensões menores. Modelo médio (porém topo de linha na gama Renault), o R16 unia essa versatilidade de perua ao conforto de sedã, o que causou espanto e rejeição no início. 

Eleito Carro do Ano de 1966 pela imprensa europeia, ele começou a despertar interesse e simpatia, dando início ao promissor segmento dos hatches. Era o primeiro Renault intermediário com tração dianteira. Fundido sob pressão em liga metálica, feito inédito na época, o motor de quatro cilindros e 1,5 litro produzia 55 cv. Sob o capô, o câmbio vinha na frente do motor e atrás do radiador. A suspensão era independente nas quatro rodas. 

Dois anos mais tarde chegaria o reforço do 1.6 – com carburação dupla e 83 cv – e um painel redesenhado na versão TS. Vidros elétricos eram opcionais. Em 1969, o R16 ganhou freios servoassistidos, trava central e câmbio automático de três marchas controlado por computador. Os faróis retangulares vieram em 1971. 

O R16 TS 1972 das fotos pertence ao empresário Osmar Mateus Martins, de Santo André (SP), e foi o primeiro clássico que ele restaurou. Em estado de sucata, demandou seis anos de pesquisas e busca de peças pela internet. No interior, percebe-se que sobra espaço para a cabeça. O banco é largo e bem estofado. As colunas finas ampliam a visibilidade. Por dentro há alguns luxos: o volante é espumado, os vidros dianteiros são elétricos e o retrovisor interno é do tipo dia-noite. Pode-se ainda regular os faróis de acordo com a carga transportada. Com o pé esquerdo aciona-se o esguicho de água e o farol alto. O rádio fica na posicão vertical, de pé mesmo, logo abaixo do painel. As portas traseiras têm trava de segurança para crianças. 

O câmbio na coluna de direção oferece engates macios e precisos. Só se estranha a ré para a frente e para baixo, mas o motor 1.5 é macio, esperto e progressivo. “Seu funcionamento lembra o CHT da Ford”, diz Martins. Apesar da tendência do R16 de sair de traseira sem carga, o comerciante compara a maciez da suspensão à dos antigos Corcel nacionais – não por acaso, um projeto contemporâneo originário da Renault. 
Conforme as versões do R16 saíam de linha ao longo dos anos 70, hatches médios como o VW Passat, o Simca 1307/1308 e o próprio Renault R20/ R30 confirmavam a eficiência do seu conceito. Mais de 2,19 milhões de unidades foi vendida quando a produção terminou em 1979. Foi com esse currículo que o Renault R16 entrou para a história como mais um bom exemplo de que a mistura de duas receitas bem diferentes pode dar certo.

 

 

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