O motor rende melhor ao nível do mar?

21-08-2011 13:02

 Para tirar a prova, testamos o mesmo carro no litoral e no planalto

Nos 645 m de altitude de nossa pista de testes em Tatuí (SP), o C3 Picasso andou menos do que em Bertioga

 

 

Você que mora no litoral já percebeu que ao subir a serra o carro perde força? E você que vive em locais mais altos já notou que o carro fica mais esperto quando vai à praia? Para tirar essa teima, escolhemos o Citroën C3 Picasso automático, testado em Bertioga, litoral norte de São Paulo, e também em nosso procedimento padrão, na pista de provas da Test Motors, em Tatuí, interior do estado, a 645 metros de altitude.

As diferenças foram claras: enquanto em Tatuí o Picasso acelerou de 0 a 100 km/h em 15 segundos, em Bertioga esse tempo caiu para 14,6 s. Aliás, houve melhora em todas as provas de aceleração e retomada. A maior vantagem apareceu na medição de 80 a 120 km/h, com 12,5 s no interior e 11,9 s no litoral. Compare todos os números na tabela abaixo, lembrando que os testes foram feitos com 100% de etanol no tanque.

Citroën
Picasso "perdeu" 7 cv com a mudança de altitude

Segundo o gerente de engenharia da Ford, Gilberto Geri, a potência cai na ordem de 1% a cada 100 metros de altitude, em média. Ou seja, é como se os 113 cv do C3 Picasso em Bertioga se tornassem aproximadamente 106 cv em Tatuí. É por isso que os valores máximos de potência e torque divulgados pelas fábricas são registrados ao nível do mar. É onde a pressão atmosférica atinge seu valor máximo (1 ATM) e, consequentemente, o motor admite maior quantidade de ar para a queima.

Nos motores aspirados (sem turbo ou compressor), a potência produzida está vinculada à admissão de ar, que será misturado ao combustível nos cilindros. Logo, quanto maior a pressão atmosférica, maior a quantidade de ar admitida pelo motor, e maior será a potência. Conforme a altitude aumenta, o ar fica mais rarefeito (com menos pressão atmosférica) e a potência diminui. Daí a mudança no desempenho. Por isso, nem tente subir uma ladeira na Bolívia com carro 1.0...

Outras influências

Ainda de acordo com Geri, da Ford, a temperatura pode influenciar na performance. “Geralmente ao nível do mar o tempo é quente, e isso pode fazer com que a injeção atrase o ponto de ignição se estiver usando gasolina, perdendo potência”. Nosso teste foi feito de madrugada e com etanol. Geri explica que a Ford também testa os freios em condições de altitude, pois conforme o ar fica mais rarefeito, menor é o auxílio do servo-freio. Portanto, é normal o pedal de freio ficar mais pesado conforme a altitude aumenta.

E com turbo?

A perda de potência não acontece em motor com turbo ou compressor. Nesse caso a quantidade de ar admitida para a queima é determinada pela pressão do turbo, e não pela pressão atmosférica.

Confira a tabela com os testes nas duas altitudes:

 

  Bertioga Tatuí
Aceleração
0-100 km/h 14,6 s 15,0 s
0-400 m 19,7 s 19,9 s
0-1.000 m 36,0 s 36,2 s
Retomada de velocidade
40-80 km/h 6,4 s > 108,5 m 6,5 s > 112,6 m
60-100 km/h 5,6 s > 192,4 m 8,7 s > 194,1 m
80-120 km/h 11,9 s > 336,4 m 12,5 s > 353,1 m
 

 

 

 

 

 

 

FONTE: Auto Esporte

 

 

 

 

 

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