FIAT 600
A Fiat vinha de duas experiências bem-sucedidas de popularização do automóvel na Itália. Uma foi o Balilla, de 1932, outra o 500 Topolino, de 1936, que voltou a ser fabricado após o fim da Segunda Guerra. Porém, os italianos esperaram dez anos após a guerra para ver um Fiat compacto 100% novo. O Salão de Genebra de 1955 foi o palco para a apresentação do 600, diminuto sedã de dois volumes e, seguindo o VW Sedan (o nosso Fusca), motor traseiro. Criado a partir de 1951 pelo projetista Dante Giacosa, ele precisava ser leve e robusto. Enquanto era desenvolvido o projeto, a fábrica de Mirafiori recebia investimentos de 300 bilhões de liras para atender à demanda crescente por carros, que quintuplicaria até 1960. FONTE: Quatro Rodas O COMPACTO COM MOTOR TRASEIRO NASCEU LEVE E ROBUSTO COMO O FUSCA
O 600 teve um dos mais bem executados projetos em seu segmento, que se expandiu nos anos 1950 e 1960, graças à popularidade dele, do Fiat 500 (lançado dois anos depois) e do Mini inglês, de 1959. A maior diferença em relação aos pequenos Fiat de antes era o motor longitudinal na traseira, um quatro cilindros de 633 cm³, carburação Weber e 21,5 cv.
Com 3,2 metros de comprimento, o Fiat foi feito para levar quatro ocupantes. A suspensão independente nas quatro rodas de aro 12 foi projetada para agüentar a superfície irregular das estradas de terra, tão freqüentes na Itália. A carroceria contava com portas articuladas para trás e tinha uma grade falsa, já que ali ficava o porta-malas. Entre as soluções criativas estava o sistema de aquecimento que usava o ar do radiador para desembaçar o pára-brisa.
Com a economia se recuperando, novas formas de pagamento incentivavam o consumo. O 600 custava 590 000 liras, menos que um Topolino, e podia ser pago em 24 prestações, mesmo que o comprador tivesse de esperar quase um ano para receber. Desse modo, em um ano, cerca de 300 000 foram vendidos.
Foi em 1960, após quase 1 milhão de exemplares, que o 600 passaria por sua atualização mais relevante, sendo rebatizado de Fiat 600 D. O motor cresceu para 767 cm³ e a potência para 29 cv. As novidades vieram em boa hora, pois as vendas de carros na Itália tinham crescido 54,5% em relação a 1959. Para coroar o momento, as Olimpíadas daquele ano foram em Roma, e a Fiat disponibilizou para o comitê olímpico uma frota de 600 Multipla.
Quatro anos depois, viria seu sucessor, o 850. Mas o 600 D duraria até 1969, após 2 604 000 unidades fabricadas. Porém, seu projeto foi um dos mais licenciados pela Fiat até então. Foi feito na Alemanha (pela NSU), Iugoslávia (Zastava) e Espanha (Seat). Foi também com ele que a Fiat inaugurou suas operações na Argentina, em 1960, onde ganhou o apelido de Fitito. É de lá que vem o modelo 1967 fotografado.
Nele, o motorista se posiciona sem apertos ao volante, apesar do tamanho do Fiat. Há poucos comandos, como seta e limpador de pára-brisa, e se tem acesso a eles sem dificuldade. Ainda que tenha engates curtos, o câmbio resiste um pouco às trocas de marchas. Para uso urbano, o motor se comporta de maneira progressiva, com torque suficiente de saída, ajudado pelo baixo peso. Segundo seu dono, ele “sobe ladeira que é uma beleza e vai a 110 km/h brincando”, com um som de motor que lembra o do 147 nacional. Os freios a tambor pedem acionamento gradual e o pequeno sedã se segura bem nas curvas por sua pouca altura. São características do Fitito que os argentinos puderam comprar novo por 22 anos.
MINIOVO
Em 1956, surgiu uma curiosa versão do 600. Em forma de ovo, o 600 Multipla (foto) não tinha capô, o que
o tornava um minimonovolume de seis lugares. As fileiras de bancos do meio e traseira eram rebatíveis. Ainda que longe de ser espaçoso, vendeu mais de 243 000 entre 1956 e 1970.