CORCEL GT

10-12-2010 20:54

 Corcel GT

 

Um ano depois do lançamento do compacto Corcel, em 1969, a Ford percebeu a oportunidade de ampliar a família e se aproximar do público que sonhava com mais esportividade. Sonhar é um termo bastante adequado, pois a versão GT muito mais sugeria que propriamente entregava, em termos de desempenho. Carburador Solex de corpo duplo, válvulas maiores, novos coletores de admissão e escape elevavam a potência do quatro-cilindros e 1,3 litro de 68 para 80 cv. Não é nada, não é nada, eram 12 cavalinhos de reforço para aumentar o ânimo da tropa. 

O GT diferia dos demais cupês da linha Corcel por ter faixa negra na grade, capô, laterais e traseira, faróis de milha e bancos reclináveis. Vinha com teto de vinil e painel completo. O volante era o do Willys Itamaraty, mas com um aro da buzina imitando madeira e distintivo GT. A cor do estofamento variava com a cor do carro – preto, marrom-claro ou vermelho. Rádio de cinco faixas, ventilador, cintos de segurança e pneus com faixa branca eram opcionais. 

Com os 940 kg, o GT pesava até mais que a versão sedã. A suspensão, especialmente em trânsito urbano, mereceu adjetivos como “esplêndida” e “perfeita” de Expedito Marazzi no primeiro teste de QUATRO RODAS com o GT, em agosto de 1969. “Arranca rápido quando abre o sinal, breca fácil, tem direção macia (e fi rme nas altas velocidades), permitindo manobrar sem dificuldade para estacionar e enfrentar o trânsito.” Freios e nível de ruído também agradaram. Para Marazzi, ou a Ford devia chamar o carro de cupê de luxo personalizado ou devia dar-lhe um motor mais forte. Os números, 138,53 km/h de máxima e 0 a 100 km/h em 18 segundos alcançados no teste, mostravam que ele não estava de má vontade. 

Nas fotos, vemos o Corcel GT do médico Sérgio Minervini. A maior satisfação do dono é o carro ter sido fabricado no primeiro dia de produção. “No começo eram feitos 30 por dia, o meu é o de número 29.” A pintura é original. O ex-proprietário, o primeiro do GT, colocava óleo ou graxa em partes do motor, caixas de roda, nos cantos do porta-malas, entre outras. Com cerca de 60 000 km, o GT só precisou de revisão de motor e freios, cromagem do para-choque traseiro e pintura das rodas. O ex-dono ainda doou várias peças de reposição. 

Para 1971, o capô do GT ganhou ressalto central com tomada de ar e era todo preto. Os faróis de milha vinham integrados à grade. As faixas laterais ficaram mais curtas e ganharam um ornamento cromado nos para-lamas traseiros, sugerindo uma saída de ar. As lanternas retangulares duplas lembravam as do Mustang. Motor mais potente, só em 1972. Com 1,4 litro e 85 cv, já fazia ultrapassagens em quarta. Em 1973, frente e traseira foram redesenhadas, assim como as faixas negras no capô liso e nas laterais. Os faróis eram mais fundos, as lanternas retangulares e o volante com raios em forma de cálice. 

Comparado ao VW Passat TS e ao Chevrolet Chevette GP em agosto de 1976, o Ford ficou em segundo ao acelerar de 0 a 100 km/h em 18,62 segundos e em último na velocidade máxima, 137,9 km/h. O Passat venceu o desafi o com folga. Para 1978, o novo Corcel II GT não trouxe mudanças mecânicas radicais. Ele abriria caminho para o Escort XR3 nos anos 80. Se o Corcel GT só foi esportivo na aparência, ao menos ele foi o mais rápido ao inaugurar o segmento das versões esportivas de compactos nacionais.

 


AGOSTO DE 1969


Aceleração de 0 a 100 km/h 
18,0 segundos 

Velocidade máxima 
138,53 km/h 

Frenagem 80 km/h a 0 
26,25 metros 

Consumo 
De 6,5 a 7,8 km/l

FOTOS:

 

A capota de vinil lhe conferia um ar mais luxuoso

 


Volante do Itamaraty com as letras GT


Painel completo

 

Motor com mais 12 cv mostravam que ele não era um Corcel qualquer

O adesivo no painel imitava madeira

Faixa branca discreta para não quebrar o clima esportivo

 

O porta-malas vinha revestido

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