CITROËN C3 AIRCROSS

02-12-2010 23:21

 Citroën C3 AirCross

 

 

Quando lançou seu primeiro carro de estilo aventureiro, o C3 XTR, em 2006, a Citroën insistiu em dizer que ele era urbano. Mostrou pesquisas que apontavam para a distância, mesmo de utilitários, dos caminhos difíceis. Não convenceu. Brasileiro enfrenta buraco desde que sai da garagem. A marca deu meia-volta e, sob o código de Ai58, pegou a C3 Picasso europeia, aumentou o vão-livre, reforçou a suspensão e pôs o estepe na traseira. Depois o batizou de C3 AirCross, seu crossover. A bem dizer, ele é um monovolume que enfrenta valetas e buracos sem tanto dó de rodas e suspensão. 

O novo Citroën mira os aventureiros, segmento criado pela Fiat Palio Adventure em 1999 e definido pelo estilo de utilitário, suspensão mais alta e reforçada e pneus mais resistentes. A pioneira trazia quebramato, mas o quesito segurança fez com que todos os fabricantes o abandonassem. Só no ano passado, o mercado absorveu 115 526 aventureiros, ou 3,8% das vendas. “É um segmento importante para algumas marcas, como a Ford. Mesmo com queda nas vendas da categoria, em torno de 13%, o EcoSport continua crescendo”, disse Luiz Carlos Augusto, diretor-superintendente da Jato Dynamics do Brasil, que nos forneceu os números de vendas. Como a Citroën poderia ficar fora de um segmento desses? 

Preparado para nosso piso, com 23 cm de vão-livre, ele surpreende em movimento, mostrando-se firme em curvas. Seu 1.6 16V o acelera sem sacrifícios. Isso só com o motorista e os 1 404 kg do aventureiro. Com passageiros e bagagem, o motor não deve ter folga, mesmo com diferencial 15% mais curto que o do C3. A preocupação com o conforto vai além do ar-condicionado e do bom sistema de som, opcionalmente integrado ao GPS com tela de 7 polegadas de alta definição. O isolamento acústico é o mesmo da C3 Picasso a diesel europeia. Há borrachas em portas e batentes e o para-brisa conta com uma tecnologia contra ruídos e raios ultravioleta (leia em Novas Tecnologias, na pág. 122). Mas essa não é sua maior vantagem. O vidro é panorâmico e invade parte do teto. As colunas A, bem finas, eliminam o ponto cego quase tradicional das minivans. Se a luminosidade agrada, é bom ficar atento à fragilidade do para-brisa, amplo e com uma inclinação que o sujeita mais a danos por pedras nas estradas. Especialmente nas de terra. 

Os plásticos do interior são de boa qualidade e foscos, para impedir reflexos no enorme para-brisa. Há percalços, como a mola laranja do pedal da embreagem, que se destaca indevidamente, e os botões dos comandos dos vidros, mal encaixados no carro avaliado. Mas vale lembrar que se trata de um pré-série, que deve ganhar melhorias quando os primeiros carros chegarem às lojas, a partir de setembro. A garantia é de três anos e, para quem comprar o carro ainda em 2010, as três primeiras revisões são gratuitas. 

Só falta saber seu preço. A Citroën fala de 55 000 a 65 000 reais e três versões: GL, GLX e Exclusive. Para pegar o EcoSport Freestyle, de 60 830 reais, a missão deve ser do GLX, o modelo intermediário, que traz rodas de liga leve de aro 16, direção hidráulica (dinamicamente mais adequada que a elétrica), ar-condicionado, trio elétrico e CD player com MP3 e entrada para iPod. Com tudo isso, o AirCross tem mais méritos que apenas o da novidade para enfrentar seus concorrentes. Aliás, nada melhor que um cara a cara para ver quem é quem. Veja a seguir as cenas do próximo capítulo da novela “Os Aventureiros”.

 



DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO 
Ao contrário de outros aventureiros, com centro de gravidade mais alto, o AirCross freia e faz curvas quase como um carro de passeio comum. 
★★★★ 

MOTOR E CÂMBIO 

 

Velhos conhecidos dos brasileiros, os dois são os mesmos usados no C3 e no C4 atuais, mas com diferencial mais curto. Um motor 2.0 seria bem-vindo – se fosse feito no Brasil e tivesse preço mais baixo. 
★★★ 

CARROCERIA 
Moderna e agradável, ela garante presença ao aventureiro da Citroën sem descuidar do que interessa: bom espaço interno e porta-malas generoso, de 403 litros. 
★★★★ 

VIDA A BORDO 
Com bom acabamento e cuidado na escolha dos materiais, AirCross deve satisfazer aqueles acostumados a veículos mais simples. 
★★★★ 

SEGURANÇA 
Só a versão Exclusive, a mais cara, oferece os dois airbags dianteiros e sistema ABS. Por 55 000 reais, até a GL deveria oferecê-los. 
★★★ 

SEU BOLSO 
Se for realmente vendido entre 55 000 reais e 65 000 reais, ele corre o risco de ser pouco competitivo. O Duster está logo ali. 
★★★

Fotos:

Esportividade do interior transparece em pedaleiras, volante e mostradores separados.

Digital, neste Citroën, só o computador de bordo e o marcador de combustível (à dir.)

Ar-condicionado digital vem de série

Motor é o brasileiro TU5JP4, de 1,6 litro. Cabe coisa maior aí

 

Suporte do estepe é mais contido que o da concorrência

Bancos da versão Exclusive combinam couro e malhar nos assentos para evitar desconforto técnico

Espaço na traseira é bom

 

 

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