BRILLIANCE FRV CROSS

16-04-2011 14:12

 

MARCA ESTREIA POR AQUI NUMA PRAIA BEM BRASILEIRA: A DOS UTILITÁRIOS LEVES

 

Brilliance FRV Cross

 

A Brilliance ficou conhecida por ter sido a primeira marca chinesa a vender seus carros na Europa, o que não é pouca coisa. Por aqui, tentará se firmar pela boa aparência de seus produtos e pelo nível generoso de equipamentos. Trazidos pela CN Auto, os primeiros Brilliance a chegar serão o hatch FRV, os sedãs FSV e Splendor e a versão aventureira FRV Cross. Com 52 mm a mais de vão livre do que o FRV, o Cross deve começar a ser vendido no final de abril por um preço estimado em 48 000 reais. Pouco mais barato do que a maior parte de seus concorrentes, todos nacionais. Talvez pouco demais. 

A questão é simples aritmética. O FRV Cross é bonito e bem equipado, mas pouco menos de 3 000 reais mais barato que o Renault Sandero Stepway mais completo. Com descontos de mercado, o Stepway custaria a mesma coisa que o Brilliance, um importado de uma marca ainda desconhecida por aqui. O histórico mostra que o brasileiro pode cultuar a imagem de aventureiro, mas não gosta de aventuras em se tratando de negócio. Sem apelos muito fortes de preço, marcas novas no mercado demoraram anos para se estabelecer. É o tempo que um produto leva para provar (ou não) se tem boa qualidade. 

O cartão de visita do FRV Cross é seu estilo, criado pelo italiano Giorgetto Giugiaro, pai do primeiro Fiat Uno, do VW Passat de 1974, do Lamborghini Gallardo e do BMW M1. O berço garante um estilo agradável aos olhos, quase esportivo, criando uma expectativa a que o motor não atende. Com 1 495 cm³, 102 cv e 13,8 mkgf, ele seria mais que suficiente em um veículo pequeno e leve, abaixo de 1 000 kg, mas o Cross pesa 1 210 kg. Tudo isso associado ao câmbio manual de cinco marchas longas rende um 0 a 100 km/h de 19,2 segundos. É um tempo pior que o de todos os 1.0 que avaliamos recentemente. O Renault Logan 1.0 16V, por exemplo, leva 17,9 segundos. Curiosamente, o modelo automático do FRV Cross tem motor também 1.5, porém mais forte. A origem dos motores é diferente: enquanto o do automático tem DNA da Mitsubishi, o do manual teria sido desenvolvido pela própria Brilliance, segundo a CN Auto. 

Assim o Brilliance manual sofre para encarar subidas íngremes (exigindo primeira marcha em muitas delas), para ultrapassar e retomar velocidade. Já que usamos o sedã da Renault como referência, podemos dizer que o FRV Cross foi pior que o Logan 1.0 em duas das três retomadas. Como o carro ainda não está à venda, esperamos que a CN Auto importe um modelo com motor mais forte ou com câmbio de marchas mais curtas. De preferência com as duas soluções. 

Por fora, além das molduras de plástico nos paralamas, das rodas de liga (inclusive estepe) e da pintura "saia e blusa" (preta em cima, chumbo embaixo), o que chama a atenção são os discos de freio nas quatro rodas, que passam a sensação de que o carro freia melhor do que seus rivais com tambores na traseira. Não é o caso. O FRV fica na média dos aventureiros, muitos dos quais utilizam pneus de uso misto, com aderência pior no asfalto que pneus comuns. Em situações cotidianas, o Brilliance parece demorar a frear, sensação causada pelo curso longo do pedal. Porém os números de teste não corroboram essa impressão. 

Ao ganhar velocidade, ele enfrenta as curvas com firmeza, só que a suspensão sofre com piso ruim. Pode até ser característica de projeto, mas as pancadas secas que ele transmite em buracos são muito fortes, como se os amortecedores estivessem sem ação. Não estão, como comprova o comportamento em curvas, mas podem ficar, se as pancadas continuarem fortes. 

Por dentro, alguns detalhes devem ser relevados, pois o carro avaliado é de homologação. A CN Auto promete vender um FRV mais bem feito, sem as rebarbas nas junções de peças plásticas das portas, as falhas de costura nos bancos ou os plásticos sensíveis a riscos vistos no veículo testado. Descontados esses pecados, o carro parece bem construído. O interior preto e cinza é de bom gosto e o plástico que imita madeira não é unanimidade, mas tem boa aparência. O painel, de iluminação laranja, é amigo do motorista, em especial à noite. Só fazem falta o volante com regulagem de distância (e maior amplitude de regulagem de altura) e computador de bordo. O som, com tela sensível ao toque, trazia um navegador (chinês, mas que poderia ser adaptado ao Brasil) e câmera de ré. Este item será opcional, assim como bancos de couro. O banco do motorista, aliás, tem duas regulagens de altura: uma para as coxas e outra para o quadril. Atrás, quem viajar com um motorista alto terá conforto suficiente para não reclamar de joelho espremido.

Como se vê, a Brilliance chega querendo contrariar a fama de problemas de qualidade que muitos produtos chineses enfrentam. Se conseguir, só restará à marca manter outra fama chinesa, a de preços baixos. São nesses os pontos que ela deve se apoiar para ser uma competidora de peso no Brasil.

 



DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO 
Com discos nas quatro rodas, o Brilliance demora a frear. Culpa do peso. A suspensão, ainda que firme, bate muito no piso brasileiro. 
★★★ 

MOTOR E CÂMBIO 
O motor 1.5 de comando variável de válvulas é bom, mas sofre com um carro de 1210 kg. Para complicar, as marchas são longas demais. 
★★★ 

CARROCERIA 
Desenhada por Giorgetto Giugiaro, ela é bem resolvida, sem excessos ou linhas fora do lugar. 
★★★ 

VIDA A BORDO 
Sobra espaço dentro do FRV Cross, tanto na frente quanto atrás. O porta-malas, de 314 litros, está na média do segmento, mas poderia ser maior. Acabamento precisa melhorar. 
★★★ 

SEGURANÇA 
Este Brilliance vem com ABS, airbags e discos nas quatro rodas. 
★★★★ 

SEU BOLSO 
Completo, mas desconhecido do público, o FRV Cross poderia custar menos para atrair mais interessados. 
★★★

 

 


 


OS RIVAIS 

Renault Sandero Stepway

 

 


Também espaçoso, ele custa 50 790 reais em sua versão mais completa, mas pode ser comprado com desconto. 

Volkswagen CrossFox


Menor que os concorrentes, o "utilitário leve" da marca alemã também é o mais caro: completo, custa 56 765 reais.

 


 


VEREDICTO 

A Brilliance oferece no FRV Cross espaço interno e uma lista de equipamentos generosa. Só que o carro precisará melhorar desempenho e preço (ainda estimado) para se tornar opção à concorrência já estabelecida.

 

 

FOTOS:

 

Interior com bancos de duas cores é sóbrio e acomoda bem o corpo

 

 

 

Iluminação laranja e quadro de instrumentos completo ajudam a conduzir à noite

 

Tela sensível ao toque sse insere no revestimento do painel, que imita madeira nobre

 

Aspecto aventureiro acompanha suspensão mais alta em 52 mm

 

 

Com motor 1.5

O FRV Cross tem regulagens de altura de banco de dois níveis...

 

 

... e bom espaço para os passageiros atrás

 

FONTE: Quatro Rodas

Tópico: BRILLIANCE FRV CROSS

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