COM 250 CV E PINTURA EXCLUSIVA, O ST É UM DOS MELHORES FOCUS DA HISTÓRIA E MOSTRA POR QUE ELE É MAIS QUE UM CARRO DE IMAGEM
Dos mesmos criadores do Focus RS, do Mustang Shelby GT500 e da picape F-150 SVT Raptor, chega a terceira geração do Focus Sport Technologies, ST para os amigos, que será lançado em julho na Europa. Para entender por que este é mais que um Focus apimentado, basta saber que foi refinado em horas de teste no circuito de Nürburgring e nas Autobahnen alemãs. Para tanto, a Ford trocou o antigo 2.5 de cinco cilindros de 225 cv por um 2.0 Ecoboost de 250 cv, também turbo, mas de injeção direta, que permitiu melhorar desempenho e consumo. Assim, a máxima subiu de 241 para 248 km/h e o 0 a 100 km/h caiu a 6,1 segundos (contra 6,8). O segredo está em detalhes como o controle variável de abertura e fechamento das válvulas de admissão e de escape, o uso de um pequeno turbo de baixa inércia e a pressão de injeção de até 150 bar.
A carroceria recebeu os habituais anabolizantes para deixá-lo mais musculoso. A grade superior e inferior deu lugar a uma única maior e central, com uma malha hexagonal negra brilhante. Há ainda spoiler esportivo, para-lamas salientes, escape central, aerofólio e roda aro 18 com largos pneus 235/40.
Não menos impactante é a cor de lançamento, um amarelo vivo chamado Tangerina Scream. O interior é mais discreto, com couro cinza. Destacam-se os excelentes bancos Recaro, com apoios laterais amarelos. Acima do painel bem acabado vemos o trio de mostradores (pressão do turbo até 1,2 bar e pressão e temperatura do óleo) e, abaixo, um console com acabamento de fibra de carbono.
Neste esportivo, engenheiros e pilotos de teste centraram seu trabalho em chassi e motor. A geometria da suspensão não mudou, mas molas e amortecedores estão mais duros e deixaram o carro 1 cm mais baixo. A direção elétrica também é nova, com desmultiplicação variável: é mais lenta no ponto central e mais rápida nos extremos, para deixá-la ágil em estradas sinuosas e menos sensível nas retas.
Para conferir todo esse arsenal, nada melhor do que um circuito nos arredores de Barcelona. Ao toque no botão de partida, segue-se uma sonoridade rouca, que invade a cabine com força. As frequências graves permanecem bem vivas em baixo e médio giro, sendo atenuadas em velocidades altas em sexta marcha, para que uma viagem em rodovia não se torne acusticamente cansativa. Na pista, aplausos para a resposta rápida e vigorosa do motor já em baixa rotação - o torque total de 36,7 mkgf está disponível a 1700 rpm e fica assim até as 4000 rpm. As trocas do câmbio manual de seis marchas são rápidas e precisas, mas ainda assim lamentamos não existir uma opção de caixa automatizada de dupla embreagem, como seu concorrente VW Scirocco TSi.
Mas o melhor ainda está por vir: as alterações no chassi conseguiram deixar seu comportamento em curva quase irreal, combinando o melhor que há num carro de série e num de corrida. A entrada em curva é incrivelmente precisa e a facilidade com que se consegue soltar a traseira é desconcertante. Em quase todos os carros de tração dianteira, pisar no acelerador no meio da curva provoca instabilidade e aumenta a trajetória (o efeito subesterçante, quando se sai de frente). Mas essa é a forma ideal para desfrutar o ST, sempre obediente ao motorista - se bem que, no caso, é mais próprio usar o termo piloto...
Aqui, em circuito fechado, dá para desligar o controle de estabilidade e atacar a velocidades quase obscenas qualquer curva porque, na pior das hipóteses, o ST solta a traseira, até levanta a roda interna de trás, mas tudo se resolve com uma facilidade notável, trabalhando volante e acelerador. Nota-se só que a direção elétrica não consegue ser tão comunicativa quanto as melhores do tipo hidráulico.
É quase difícil de acreditar como a Ford conseguiu melhorar o que já era ótimo. Sorte dos europeus e americanos. A nós, só resta admirar. Ou quem sabe a Ford brasileira se anima a trazer um de seus melhores representantes da nova geração?
VEREDICTO
Mais perfomance, menos consumo, som do motor empolgante... Isso tudo sem sacrificar o uso no dia-a-dia. Quer mais? Dirigibilidade exemplar. Como sempre, o pacote tem seu preço.
FONTE: Quatro Rodas