Audi RS 3 X BMW Série 1 M Coupé

 

ESTAS FERAS TÊM COMPORTAMENTO CIVILIZADO, MAS É MELHOR NÃO PROVOCÁ-LAS

Mesmo os mais desapegados observadores da fauna automobilística sabem quando estão diante de espécimes raros. Seu magnetismo é suficiente para eletrizar o ambiente a sua volta. Olhares atentos, pescoços virados e corações acelerados, na expectativa de que ocorra algum bote ou mesmo um urro ameaçador. Eis as feras retratadas neste safári urbano: o Audi RS 3, um felino capaz de fazer de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos, e o BMW Série 1 M Coupé, 6 décimos de Segundo menos rápido (não dá para falar em lentidão). Em compensação, ele guarda em seu arsenal um ronco grave e paralisante - no RS 3, o ressonador do escape é pneumático e só se manifesta quando um botão no painel é acionado.


Criados em cativeiro, o Audi e o BMW passaram por um processo demorado de domesticação. Os cuidadores alemães de ambos se encarregaram de conter saídas descontroladas de traseira. Durante a criação do RS 3, a suspensão teve de mudar, foi rebaixada e reforçada e passou a trabalhar com pneus traseiros mais finos que os dianteiros. A medida deveria facilitar o sobresterço. No entanto, a tração integral nas quatro rodas compensa qualquer tentativa de fazer a traseira desgarrar e o bólido não perde a trajetória.

Mais arisco, o BMW não aceitou tão bem o treinamento dado pela fábrica bávara. As rédeas dos controles de tração e estabilidade mantêm confinados os 340 cv do cupê, mas a eletrônica é permissiva e deixa que os pneus traseiros derrapem um pouco. Sem a ajuda da coleira tecnológica, desligada por meio de um botão no centro do painel, não há perdão para os excessos no trato com o acelerador. A rotação do motor sobe rápido, sobretudo quando as turbinas são despertadas, o que ocorre aos 1500 giros. Nesse instante, a traseira tenta ultrapassar a dianteira, momento revelador da destreza ou da falta de habilidade de cada domador. 

É na tração que encontramos uma das grandes diferenças entre os alemães. Toda a potência do Serie 1 é despejada no eixo de trás, garantindo emoção (e risco) extra que a tração quattro do RS 3 não oferece. Com todos os sistemas eletrônicos ligados, as duas criaturas mostram bom comportamento. Então, é fácil levá-los para um passeio no shopping ou para uma ida ao escritório. Difícil é manter a autoridade quando as feras estão soltas na pista.

O Audi tem uma sequência de procedimentos para obter o máximo de desempenho. É necessário colocar a alavanca do câmbio na posição. Se pressionar um botão no console para abrir o escapamento e melhorar as respostas do acelerador. Se preferir, você pode abrir mão do controle de tração. Basta uma arrancada para perceber o esportivo desgarrando com as quarto patas, mas sem pender para os lados. 

No BMW, basta pressionar o botão M, localizado no volante, para irritar o cupê. Qualquer toque no acelerador faz o ponteiro do conta-giros varrer o relógio até 7000 rpm. Se tiver coragem, desligue o controle de tração. Nesse caso, é preciso treino para lidar com o acelerador e a embreagem. Erros na dosagem fazem a traseira ganhar vida própria, exigindo correções a cada troca de marcha.

É fácil perceber que o Série 1 não prima pelo acabamento irretocável dos irmãos maiores. Há bastante plástico à mostra, mas o revestimento Alcantara dá um charme especial. Tem lugar para quatro e mesmo os bancos traseiros oferecem nível aceitável de conforto. Por dentro, o painel do hatch tem acabamento emborrachado, molduras de metal nas saídas de ar e um sistema de som sofisticado. As armas do Audi atendem ao bem e ao mal. Sua tração integral e a transmissão automatizada de sete velocidades com dupla embreagem representam o estado da arte da tecnologia. Combinação perfeita para obter ótimo desempenho e uma colher de chá para erros de condução. Por quase 30000 reais a menos, o BMW agrada mais aos puristas: tração traseira, transmissão manual e tolerância zero para equívocos. Como um animal selvagem.

Se você tem vocação para lidar com feras e prefere um temperamento muito mais forte, fique com o BMW. Caso prefira um animal mais disciplinado, vá de Audi. Em ambos, o gerente do banco vai adorar fazer as vezes de babá.



RS 3

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO


Freia muito bem, mas não encara pisos ruins com desenvoltura. Direção hidráulica garante mais contato com o asfalto.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO

Conjunto é irrepreensível. Câmbio de 7 marchas com dupla embreagem é à prova de erros. Tecnologia DSG explica a melhor performance na prova dos 0 a 100 km/h.
★★★★★

CARROCERIA

Mescla esportividade, espaço e luxo com mais propriedade que o rival. É um carro de rua com dotes de superesportivo.
★★★★

VIDA A BORDO

Não falta conforto e comodidade para o dia a dia. Bancos tipo concha são confortáveis e têm até aquecimento. É silencioso quando você quer distância da esportividade.
★★★★★

SEGURANÇA

Tem airbags duplos frontais e laterais, com abertura em duplo estágio. Tração integral com freios ABS, controle de tração e estabilidade completam o pacote.
★★★★★

SEU BOLSO

Caro em qualquer lugar do mundo, mas uma pechincha perto do RS 6. Lado a lado do Série 1 M, justifica os 30 000 reais a mais pelo luxo adicional e câmbio automatizado com dupla embreagem.
★★★

 

 

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SÉRIE 1 M COUPÉ

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO

Freios e suspensão são competentes. A direção elétrica elimina qualquer esforço e merece créditos pela precisão, mas a do BMW oferece mais contato com os pneus.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO

Motor turbinado tem comportamento explosivo. Transmissão manual dá mais sensação de controle, mas é suscetível aos erros do motorista.
★★★★

CARROCERIA

Carro de corrida amansado para enfrentar o trânsito. Alta rigidez estrutural e agilidade de kart.
★★★★

VIDA A BORDO

Impossível esquecer que você está a bordo de um BMW M. O escapamento ruge alto o tempo todo e o interior é simples. Oferece algum luxo, mas esse não é seu diferencial.
★★★★

SEGURANÇA

Não fica atrás do rival nesse quesito. Tem os mesmos recursos eletrônicos do Audi, com exceção da tração nas quatro rodas.
★★★★★

SEU BOLSO

Mesmo quem tem muito dinheiro pensa em fazer economia. Os quase 30 000 reais a menos por um carro mais divertido de guiar fazem toda a diferença.
★★★★

 

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VEREDICTO

A vitória apertada do Audi indica que o resultado pode se inverter dependendo das prioridades do comprador. Quem busca diversão pura, sem se importar com espaço ou tecnologia, verá no BMW a melhor aquisição. O RS 3 leva a disputa em aceleração e é mais fácil de pilotar. No entanto, o Série 1 é muito mais divertido.

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FONTE: Quatro Rodas

Tópico: Audi RS 3 X BMW Série 1 M Coupé

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