Porsche 911 Carrera 1979

22-12-2011 23:39

Esportivo de competição tem motor 3.0 de mais de 200 cv e atinge 235 km/h

Guilber Hidaka

Porsche 911 Carrera 1979 participou da competição GT Classics

Quando ouvimos o nome de certas marcas de automóveis, logo pensamos, inevitavelmente, em uma coisa só: adrenalina. Isso acontece a qualquer um quando o papo diz respeito a modelos da Porsche. Quando se está diante de um Carrera como esse, então, esse pensamento ganha ainda mais força. Produzido em 1979, ele ativa a memória e nos faz lembrar da estreita relação que a marca construiu com o lado de cá do Atlântico em décadas passadas.

Foi assim em 1953, quando um Spyder 550 Coupé venceu a categoria até 1.600 cc na IV Carrera Panamericana, no México, em 1954, na passagem do Spyder 550 por São Paulo pelas mãos do piloto Hans Stuck, ou quando a marca esteve presente ao Gran Premio International de Venezuela, em Caracas, ocasião em que o356 A Carrera também venceu em sua categoria, só para citar alguns exemplos.

 

Guilber Hidaka

Rodas com filetes vermelhos calçam pneus 245/45 R16 na traseira e 205/55 R16

A nobre linhagem foi arrebatando vitórias e mais vitórias em todo o mundo, principalmente quando a marca lançou o mítico 911, família a qual o modelo que você vê nas fotos pertence e que Autoesporte teve o imenso prazer de poder dirigir pelo não menos mítico traçado do Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos, São Paulo.

Recém-chegado dos Estados Unidos, o esportivo parece um zero quilômetro. A cor vermelha da carroceria contrasta com detalhes pretos, presentes também nas molduras da área envidraçada. O mesmo jogo de cores pode ser visto nas rodas, pretas com um filete de cor vermelha – e calçadas em pneus 245/45 R16 na traseira e 205/55 R16 da dianteira.

Na parte de trás do esportivo, destaque para o enorme aerofólio, com entradas de ar para reforçar a ventilação do motor, um boxer refrigerado a ar de seis cilindros, com exatos 2.994 centímetros cúbicos de cilindrada. “Originalmente, o modelo oferece cerca de 200 cv de potência e 26 kgfm de torque, mas o antigo dono deste Porsche colocou um comando de válvulas para melhorar ainda mais o desempenho e também adotou um sistema de escape esportivo. Além disso, os amortecedores originais foram trocados por um jogo da Bilstein, que mantém o 911 ainda mais equilibrado nas curvas”, comenta Murillo Cerchiari, sócio da San Diego Motorsports, empresa responsável pela importação do clássico.

 

Guilber Hidaka

Suspensão modificada para competição garante estabilidade do clássico

Ainda segundo o empresário, o Carrera 1979 3.0, com motor na configuração original, acelera de 0 a 100 km/h em cerca de 6 segundos e atinge aproximadamente 235 km/h de velocidade final – o modelo conta com transmissão manual de cinco velocidades.

A bordo do mito

Depois de contemplar o visual clássico e ainda tão atual do Carrera 1979, chega a feliz hora de entrar na máquina. Tão bem conservada quanto o exterior, a parte interna exibe uma forração de couro cor de caramelo de altíssima qualidade. Verdade que o 911 conta com banco traseiro, mas é difícil imaginas adultos acomodados ali.

 

Guilber Hidaka

Segundo dono, o 911 atinge 235 km/h. Nós chegamos perto dos 190 em Interlagos

No painel, destaque para o grande conta-giros, com escala até 7 mil rpm (e faixa vermelha próxima das 6.300 rpm), bem à frente do condutor, e para o velocímetro com o limite de 150 milhas por hora (ou exatos 241,35 km/h – lembre-se, o modelo foi feito para o mercado norte-americano). Como é comum em seus antecessores, o modelo 1979 preserva o contato da ignição do motor ao lado esquerdo do condutor, herança do tempo em que os pilotos precisavam correr até seus carros quando a largada era dada – com o contato de ignição nessa posição, era possível acionar o boxer antes mesmo de se acomodar no banco.

A notícia triste é que tivemos tempo para apenas duas voltas pelo autódromo, já que as atividades na pista logo seriam encerradas. A primeira serviu para o fotógrafo e cinegrafista Guilber Hidaka captar as imagens do clássico e para que pudéssemos nos familiarizar com a força do motor, peso do pedal da embreagem, resposta da direção e dos freios e com o curso da alavanca da transmissão – longo para um puro-sangue como esse, mas nada a se estranhar para um modelo da época.

 

Guilber Hidaka

Interior é quase todo original e mostra projeto que tinha competição como objetivo principal

Terminada a primeira volta, partimos do Laranjinha para a curva do S colocando os seis cilindros para trabalhar com vontade. O vigor do motor desse Porsche é impressionante até mesmo quando comparado a certos modelos atuais. O torque alto, aliado à tração traseira, é garantia de uma pilotagem das mais agradáveis e equilibradas.

No trecho entre o Pinheirinho e o Bico de Pato, o 911 carrera mostrou não apenas o quanto é ágil para retomar a velocidade. O modelo tem freios muito confiáveis e, mais do que isso, se mostra extremamente estável nas curvas – verdade que os amortecedores esportivos colocados no modelo amplificam esse efeito, mas os Porsche sempre se notabilizaram pela estabilidade em traçados sinuosos.

 

Guilber Hidaka

Grandes mostradores ficam bem à vista do piloto; Bancos de couro têm requinte e esportividade

No Mergulho, pé embaixo até chegar à Junção, contornada com muito cuidado (afinal, estamos à bordo de um clássico de 1979). Dali em diante, passando pela Subida dos Boxes até o retão, pé embaixo! O ponteiro do conta-giros subia rapidamente, “pedindo” a quarta e logo a quinta marcha, enquanto o velocímetro indicava 90 milhas por hora, 100, um pouco mais de 110 mph – algo perto dos 180 km/h –, quando já estávamos nos aproximando do S do Senna.

Com a velocidade reduzida, o Porsche, como não poderia deixar de ser, mais uma vez se mostrou muito equilibrado na parte mais crítica do traçado paulistano. A carroceria praticamente não se inclinou em nenhum momento. Dali para a Curva do Sol, mais uma vez aceleramos ao máximo até a Reta Oposta, onde o 911 ficou perto das 120 mph novamente.

 

Guilber Hidaka

Pé no freio, uma redução de marcha e, com os pneus tocando as zebras, deixamos a Curva do Lago para trás. Só restaram alguns metros para as últimas aceleradas até voltarmos ao Laranjinha, onde a brincadeira chegou ao final. Apenas uma volta no autódromo de Interlagos, com seus 4.309 metros de extensão, só serviu para nos deixar com aquele “gostinho de quero mais”, mas foi suficiente para sentir a muito mais que agradável sensação de pilotar um consagrado clássico das pistas, ainda que por tão pouco tempo...

 

Guilber Hidaka

Aceleração de 0 a 100 km/h acontece em cerca de 6 segundos

 

Carro de corrida

Essa máquina, aliás, não é mais um modelo antigo que fica guardado a sete chaves em um galpão, conservado sobre cavaletes. O 911 carrera participou da segunda edição do GT Classics, uma corrida de regularidade que reuniu 35 clássicos de diversos países no último dia 18, em Interlagos.

“Organizamos a primeira edição dessa prova em agosto, foi um sucesso. Como a repercussão foi muito boa, decidimos promover a segunda edição ainda em 2011. É possível que tenhamos um campeonato no ano que vem”, comenta Cerchiari, que havia pilotado o “nosso” Porsche na primeira edição da competição. Em corridas como essa, de regularidade, vence quem der o maior número de voltas pelo circuito no mesmo tempo (ou perto dele). Sendo assim, não importa se o modelo tem motor modesto ou se esconde um V12 superpotente. E foi justamente isso que o resultado da prova mostrou: em primeiro lugar ficou um Mini Cooper Morris 1.0 de 1969, seguido pelo nacional Puma GT 1977, Mercedes-Benz SL 350 1972, VW Fusca 1.200 1964 e Alfa Romeo TI4 1985.

Mais informações sobre a prova e também sobre o Porsche 911 Carrera 1979 que ilustrou a matéria de Autoesporte podem ser consultadas por meio do site da San Diego MotorSports:https://www.sdmotorsports.com.br.

Guilber Hidaka

 

 

 

 

FOnte: Auto Esporte

Tópico: Porsche 911 Carrera 1979

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