Levamos o Aston Martin Rapide para uma primeira volta
Pilotamos com exclusividade no Brasil o primeiro modelo de quatro portas da marca inglesa
Então vamos à pergunta mais óbvia sobre esse carro: há espaço atrás? Depende do tamanho do passageiro, e também da negociação com quem está na frente. O longo entre-eixos (2,99 m) é igual ao do grandalhão Audi A8, mas não espere a mesma amplitude da cabine. O Aston tem teto baixo e a linha do vidro é elevada. Mesmo assim, fico confortável com meu 1,78 m. Tenho como entretenimento uma tela de DVD, ar digital com regulagem independente e iluminação típica de aviões, com aquele ponto de luz redondinho. Aliás, o ambiente lembra muito o de um jato executivo. A forração toda de camurça (cor creme no carro avaliado), o couro dos bancos, o carpete do porta-malas... O dono de um Rolls-Royce se sentiria em casa (ou melhor, no carro dele). Tem até o famoso guarda-chuva, com a diferença de que o do Rapide fica no porta-malas. Exclusividade é isso: guarda-chuva Aston Martin e chave de cristal. Espaço no banco traseiro não é dos maiores Nosso “Jarbas” pergunta se desejamos que ele ligue o som. Para me convencer de que valia a pena trocar a melodia do V12 por música, ele aponta para o logotipo da Bang & Olufsen num dos diversos falantes espalhados pela cabine. É coisa finíssima, com mil watts de potência e um áudio muito, muito limpo. Diante do nosso “OK”, ele aciona o sistema e, então, dois tweeters “brotam” das extremidades do painel para completar a experiência. Chique? Você ainda não viu o relógio analógico no centro do console. É uma peça da grife Jaeger-LeCoultre, que também produz um modelo de pulso com a sigla DBS, o superesportivo da Aston Martin que brilhou em 007 Cassino Royale. Além da fartura de “mimos”, me surpreendo com a suavidade do Rapide. Mesmo com rodas aro 20, o modelo digere bem as ruas de paralelepípedo (com os amortecedores no modo confortável) e não se intimida nem com nossas lombadas gigantes – com quatro a bordo, ele não raspou embaixo nenhuma vez. Faltou apenas uma câmera de ré para manobrar, porque a visibilidade para trás é mais que restrita.
A resposta do acelerador é linear. Não espere a brutalidade da arrancada do Panamera Turbo com seu câmbio de dupla embreagem e controle de largada. O Rapide é rápido (resisti até aqui para fazer o trocadilho) e envolvente, mas faz tudo de forma elegante, sem trancos. Mesmo assim, é impressionante sair do pedágio pisando fundo e sentir o Aston de 1.950 kg romper os 100 km/h em 5,2 segundos (dado de fábrica). Mais umas estilingadas e ganho boa noção da capacidade do Rapide para “devorar quilômetros”. A máxima é de 303 km/h! Que o cupê é bom de retas eu já desconfiava, mas e num trecho travado? Surpresa! A direção é incrivelmente leve e precisa, os freios são fortes e a estabilidade, impecável. Em hora alguma me senti dirigindo um carrão de mais de cinco metros de comprimento. “Cara, você está de pé cravado e ele não escapa, não inclina...”, solta o fotógrafo Fabio Aro, diretamente do banco de trás, enquanto eu provocava o Rapide num cotovelo e apontava na reta seguinte. Já as trocas pelas borboletas provocam sensações distintas. As grandes hastes são ótimas de usar, e o rosnado do motor nas reduções vale o ingresso. Porém, as mudanças da transmissão automática de seis marchas poderiam ser mais rápidas – vai uma dupla embreagem aí? Relógio é da grife Jaeger-LeCoultre e o som de alta-fidelidade faz parecer que as músicas estão sendo tocadas ao vivo Pego o rumo de volta a São Paulo com vontade de esticar a viagem. Não me restam dúvidas de que o melhor lugar do Rapide é o banco do motorista, mas a missão da Aston Martin foi cumprida: eu não descartaria outro passeio lá atrás. Da próxima vez levo até meu DVD do 007...
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