Levamos o Aston Martin Rapide para uma primeira volta

01-06-2011 16:17

 Pilotamos com exclusividade no Brasil o primeiro modelo de quatro portas da marca inglesa

 
 
 
  Fabio Aro
Aston Martin Rapide custa R$ 970 mil no mercado brasileiro com sua aura exclusiva de esportivo de quatro portas
 
 O que você faria diante de um superesportivo V12 de 477 cv esperando para ser avaliado? Numa condição normal, eu pularia direto no banco do motorista, daria a partida e pisaria fundo. Mas não estamos numa condição normal: o carro do dia é um Rapide, primeiro Aston Martin de quatro portas da história, e tenho um motorista de terno e gravata à minha disposição. Controlo a ansiedade e, com polidez britânica, me acomodo no banco traseiro.

Então vamos à pergunta mais óbvia sobre esse carro: há espaço atrás? Depende do tamanho do passageiro, e também da negociação com quem está na frente. O longo entre-eixos (2,99 m) é igual ao do grandalhão Audi A8, mas não espere a mesma amplitude da cabine. O Aston tem teto baixo e a linha do vidro é elevada. Mesmo assim, fico confortável com meu 1,78 m. Tenho como entretenimento uma tela de DVD, ar digital com regulagem independente e iluminação típica de aviões, com aquele ponto de luz redondinho. Aliás, o ambiente lembra muito o de um jato executivo. A forração toda de camurça (cor creme no carro avaliado), o couro dos bancos, o carpete do porta-malas... O dono de um Rolls-Royce se sentiria em casa (ou melhor, no carro dele). Tem até o famoso guarda-chuva, com a diferença de que o do Rapide fica no porta-malas.

 

 Fabio Aro

Exclusividade é isso: guarda-chuva Aston Martin e chave de cristal. Espaço no banco traseiro não é dos maiores

 Nosso “Jarbas” pergunta se desejamos que ele ligue o som. Para me convencer de que valia a pena trocar a melodia do V12 por música, ele aponta para o logotipo da Bang & Olufsen num dos diversos falantes espalhados pela cabine. É coisa finíssima, com mil watts de potência e um áudio muito, muito limpo. Diante do nosso “OK”, ele aciona o sistema e, então, dois tweeters “brotam” das extremidades do painel para completar a experiência. Chique? Você ainda não viu o relógio analógico no centro do console. É uma peça da grife Jaeger-LeCoultre, que também produz um modelo de pulso com a sigla DBS, o superesportivo da Aston Martin que brilhou em 007 Cassino Royale.

Além da fartura de “mimos”, me surpreendo com a suavidade do Rapide. Mesmo com rodas aro 20, o modelo digere bem as ruas de paralelepípedo (com os amortecedores no modo confortável) e não se intimida nem com nossas lombadas gigantes – com quatro a bordo, ele não raspou embaixo nenhuma vez. Faltou apenas uma câmera de ré para manobrar, porque a visibilidade para trás é mais que restrita.

 
  Fabio Aro
A cabine do Rapide lembra a de um jato executivo de luxo, com acabamento de primeira linha
 Aprovei o assento traseiro, mas chega minha hora de assumir o comando. O banco abraça o corpo e o pequeno volante se encaixa com perfeição nas mãos, enquanto os dedos encontram facilmente as hastes de alumínio para trocas de marcha. O belo quadro de instrumentos chama atenção pelo sentido inverso em que corre o ponteiro do conta-giros, se comparado ao velocímetro. A chave é uma joia, literalmente: um tijolinho de cristal alojado no centro do painel. Basta uma leve pressão nele para despertar o poderoso V12. Aciono o Drive por meio de um botão ao lado da chave (os botões do câmbio ficam no painel) e acelero.
 
  Fabio Aro
O acabamento é de camurça nos quatro bancos concha para ajudar a segurar o corpo das curvas
 Primeira impressão: não dá para comparar Rapide com Porsche Panamera. Apesar de o formato “cupê de quatro portas” insinuar o duelo, o Aston Martin é claramente mais sofisticado – sem falar na exclusividade garantida pela montagem à mão e pelo preço de R$ 970 mil. Piso fundo e os 12 cilindros emitem um ronco incrível quando passam de 4.000 rpm (há um truque na saída de escape, diz a marca), como se tivessem duas turbinas trabalhando atrás dos meus ouvidos. Mas não há nada de turbo nesse motor 6.0 autografado por um engenheiro-chefe da casa (como nos Mercedes AMG). Os 477 cv e 61,2 kgfm de torque provêm mesmo da capacidade cúbica elevada e da dúzia de cilindros.

 Fabio Aro
O motor 6.0 V12 é montado a mão e tem 477 cavalos

 

A resposta do acelerador é linear. Não espere a brutalidade da arrancada do Panamera Turbo com seu câmbio de dupla embreagem e controle de largada. O Rapide é rápido (resisti até aqui para fazer o trocadilho) e envolvente, mas faz tudo de forma elegante, sem trancos. Mesmo assim, é impressionante sair do pedágio pisando fundo e sentir o Aston de 1.950 kg romper os 100 km/h em 5,2 segundos (dado de fábrica). Mais umas estilingadas e ganho boa noção da capacidade do Rapide para “devorar quilômetros”. A máxima é de 303 km/h!

Que o cupê é bom de retas eu já desconfiava, mas e num trecho travado? Surpresa! A direção é incrivelmente leve e precisa, os freios são fortes e a estabilidade, impecável. Em hora alguma me senti dirigindo um carrão de mais de cinco metros de comprimento. “Cara, você está de pé cravado e ele não escapa, não inclina...”, solta o fotógrafo Fabio Aro, diretamente do banco de trás, enquanto eu provocava o Rapide num cotovelo e apontava na reta seguinte. Já as trocas pelas borboletas provocam sensações distintas. As grandes hastes são ótimas de usar, e o rosnado do motor nas reduções vale o ingresso. Porém, as mudanças da transmissão automática de seis marchas poderiam ser mais rápidas – vai uma dupla embreagem aí?

 

 Fabio Aro

Relógio é da grife Jaeger-LeCoultre e o som de alta-fidelidade faz parecer que as músicas estão sendo tocadas ao vivo

 Pego o rumo de volta a São Paulo com vontade de esticar a viagem. Não me restam dúvidas de que o melhor lugar do Rapide é o banco do motorista, mas a missão da Aston Martin foi cumprida: eu não descartaria outro passeio lá atrás. Da próxima vez levo até meu DVD do 007...  

 

  Fabio Aro
Estruturalmente, o Rapide é um cupê DB9 com portas traseiras
 
 
 
 
 
 FONTE: Auto Esporte
 
 
 
 

 

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