Kia cadenza

18-08-2010 22:41

  Kia CadenzaKia e Hyundai, as duas maiores montadoras coreanas, estão reunidas desde 1998 em um conglomerado. Suas sedes ficam no mesmo complexo, na região de Seochu-gu, ao sul de Seul. Modelos das duas marcas compartilham centenas de componentes. Mas, na hora de vender carros, a parceria dá lugar a uma renhida disputa por fregueses. Nada mais natural, portanto, que um dos objetivos do Cadenza, o sedã que a Kia acaba de apresentar na Coreia do Sul e que em poucos meses ganhará o mundo (Brasil inclusive), seja roubar clientes do Azera, construído pela vizinha de condomínio. Desde que foi lançado no Brasil, em 2008, o Azera se transformou num best-seller. Antes, a Kia entrava nesse duelo com um candidato fraco, o Opirus, já um senhor com 10 anos de idade e estilo tirado do Mercedes-Benz Classe E e do Jaguar S-Type. 


Agora a conversa muda de figura. O Cadenza é moderno, espaçoso, bem equipado, tudo embalado em estilo próprio e original. O responsável por tamanha atitude é considerado uma das estrelas atuais do design. Peter Schreyer, o alemão que os coreanos tiraram a peso de ouro da Audi, tem a missão de coordenar os três centros de design da marca (Seul, Frankfurt e Los Angeles) e transformar a marca de mera copiadora de tendências numa referência em design. Até agora, Schreyer tem mostrado que dá conta do recado. Sua primeira tacada foi o estiloso Soul. Resultado: nos salões, basta sua presença para tornar o antes desprezado estande da Kia passagem obrigatória. “Nossa intenção foi fazer um sedã que fosse ágil e confortável, com um estilo ao mesmo tempo sofisticado e simples”, disse Schreyer, referindo-se ao Cadenza, no Salão de Genebra. 

O conjunto formado por faróis e lanternas esculpidos em relevo, teto desenhado em arco, curvas e vincos distribuídos ao longo da carroceria, duas enormes saídas de escapamento e rodas de liga leve aro 17 com 15 raios é de causar impacto logo à primeira vista. Sem representar nenhuma revolução, o Cadenza se apresenta com um bom pacote de modernidades. A partida é feita com a chave no bolso, apertando-se um botão no painel. Os faróis têm seus contornos marcados por leds. Há câmera para manobras de ré, mas o grande diferencial é o sistema de alerta para invasão de faixa. A partir dos 60 km/h, ele consegue diferenciar faixas brancas das amarelas, sinalizando respectivamente, com um ou dois toques sonoros e visuais por segundo, caso uma delas seja interceptada. 

A cabine deixa para trás a imagem dos coreanos da década passada, com materiais de aparência simples e de baixa durabilidade. Segundo o site americano Edmunds, um Opirus (conhecido lá como Amanti) valia menos que um terço do seu valor em cinco anos. Só para comparar, um Honda Accord desvalorizava apenas metade. Na batalha para reverter esse quadro, o Cadenza subiu para valer a barra da qualidade. Do revestimento do volante, que agora é de couro legítimo, ao desempenho, os sinais apontam para um novo padrão de imagem. Para ajudar, a garantia de cinco anos oferecida em mercados como o brasileiro. 

Quando o assunto é espaço, o entre-eixos de 2,85 metros (2 cm a menos que um Classe E e 4,5 a mais que o Opirus) o deixa em posição confortável. O acabamento tem caprichos como console de alumínio escovado e couro nos bancos. Do volante dá para comandar o som (com CD player, MP3 e entrada USB e para iPod) e falar ao telefone, sem tirar as mãos da direção. O ar-condicionado tem regulagens separadas para os dois lados da cabine e o ar passa por uma ionização para purificá-lo. O motorista conta com ajustes elétricos e opção de aquecimento e resfriamento, e quem viaja atrás também pode ajustar o banco. 

O novo V6 tem 290 cv, mais potente e econômico que o 3.8 de 267 cv do Opirus. O câmbio automático de seis marchas, uma a mais que o antecessor, também tem seu mérito. Os controles de estabilidade e tração mantêm o Cadenza no bom caminho mesmo sobre o asfalto úmido das estradas coreanas. Não é um comportamento esportivo, mas, para um carro destinado a quem quer conforto, ele não faz feio. 

No trecho da autoestrada que leva a Incheon, eu piso mais forte no acelerador. A resposta é um carro estável puxado por um motor que trabalha (e bem) em silêncio. Quando entrou na cidade, submeti o sedã de quase 5 metros à uma vaga espremida. E ele passou pelo desafio numa boa. Ponto para a câmera de ré. 

Montado sobre a base do rival Azera, o Cadenza faz 0 a 100 km/h em 7,2 segundos e atinge 230 km/h. Esse V6 é o primeiro da Kia com injeção direta e dual CVVT (tempo variável de abertura de válvulas para admissão e escape), com reflexos no consumo. Segundo a montadora, o consumo médio é de 9,3 km/l de gasolina. São boas marcas para um peso-pesado com 1 575 kg e 4,97 metros de comprimento. Em breve virá uma versão econômica, com 2,7 litros e 200 cv. 

O Cadenza chega ao Brasil em setembro, a tempo de ser exibido no Salão do Automóvel de São Paulo. Com preço estimado em 90 000 reais, uma coisa é certa: além do patrício Azera, ele vai encontrar por aqui concorrência de várias nacionalidades.

 

fonte: quatrorodas.abril.com.br

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