DODGE DART SE
OPÇÃO AO CARO CHARGER R/T, O DART SE ECONOMIZAVA NOS DETALHES PARA ENTREGAR DESEMPENHO POR ATACADO
Ainda que você não seja afeito a esoterismos, há de concordar que a menção de duas consoantes é capaz de alterar a pressão arterial de um grupo de quarentões e cinquentões. Basta um R seguido de um T para que a mente deles seja banhada por grandes e vistosos carros de cor alaranjada acompanhados do sonoro borbulhar de seus V8... Um sorriso cúmplice entre os presentes não deixará dúvida quanto ao signifi cado do R/T, Charger R/T, esportivo dos mais desejados, potentes e caros do Brasil, um ícone dos anos 60 e 70.
Embora o Charger tenha ficado na memória como o Dodge mais esportivo, não foi o único. Em 1972 surgiu uma opção mais simples e voltada ao público jovem que buscava desempenho sem se importar com detalhes de acabamento. Era o Dart Special Edition, ou SE, como fi cou conhecido. Custava 4 000 cruzeiros (10 050 reais hoje) menos que um Dart cupê, e quase 19 000 cruzeiros (47 740 reais) mais barato que o R/T.
O SE contrariava a prática da época de versões simplificadas aparentarem pobreza se comparadas às superiores. Grade, capô e a parte da traseira entre as lanternas eram pintados de preto fosco, que contrastava com as cores vivas disponíveis. Só os para-choques eram cromados. Rodas prateadas sem calota e faixa adesiva nas laterais salientavam sua esportividade. O volante era do tipo competição e os bancos, revestidos por tecido xadrez. Os dianteiros eram mais anatômicos e tinham encosto mais alto. O câmbio vinha no assoalho. Em vez de um “pé de boi”, o dono levava um cupê ao estilo dos muscle cars americanos.
Entras as perdas, não havia esguicho no limpador nem desembaçador e faziam falta o retorno automático dos piscas e as luzes de cortesia. Já o V8 era o mesmo dos demais Dart, com seus impressionantes 198 cv e 41,5 mkgf. “Toda essa força aparece nas arrancadas e nas subidas, que para o carro parecem planos”, destacou QUATRO RODAS no teste do SE em junho de 1972. A revista ainda elogiava o silêncio e a suavidade do motor, sua elasticidade, a estabilidade e a precisão da direção. Porém faltava efi ciência nos freios a tambor, o SE pulava bastante em altas velocidades e a desmultiplicação da direção dava canseira com suas 6,5 voltas. A qualidade dos materiais, vedação e pintura eram outra queixa. Mas o texto concordava que para os que “quiserem o automóvel de série mais forte e mais veloz do nosso mercado sem ter de pagar demais, o Special Edition será a compra ideal”.
Após melhorias no acabamento em 1973, o SE ganhou freios dianteiros a disco na linha 1974. Capô e traseira não eram mais negros, as faixas laterais fi caram duplas e mais curtas e o estofamento combinava com a pintura. Porém, após 4 107 unidades, o SE foi cancelado em 1975. O paulista João Carlos Bassetto é o único dono do exemplar 1973 fotografado. Ele já saiu da revenda com uma capa de napa nos bancos que preservou o revestimento xadrez. Foi restaurado em 2003 sob supervisão de filho Daniel. “Meu pai foi me buscar com ele na maternidade, eu ia para a escola nele”, afi rma o analista de sistemas. Após quase quatro décadas, o SE, assim como o irmão rico, o Charger R/T, continua provocando emoções.
TESTE
QUATRO RODAS
JUNHO DE 1972
>> Veja testes do carro na edição
Aceleração de 0 a 100 km/h
10,7 segundos
Velocidade máxima
171,43 km/h
Frenagem 80 km/h a 0:
27,8 metros
Consumo
De 4 a 6 km/l
PREÇO
MAIO DE 1972
Cr$ 29 868
ATUALIZADO
R$ 75 047
FOTOS:
No Dart SE não havia cromados na grade, nas calotas ou nos frisos. Só os para-choques ganharam brilho
Volante esportivo e tecido xadrez disfarçavam a simplicidade, evidenciada pela falta de conta-giros
No V8, 198 cv falavam grosso
FONTE: Quatro Rodas
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