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ELE ACELERA COMO SUPERESPORTIVO, MAS BEBE COMO UM CARRO FAMÍLIA
Quanto tempo é necessário para você convencer alguém de que é bom no que faz? O Audi RS 3 precisa de apenas 4,3 segundos. É o tempo que ele leva para ir de 0 a 100 km/h. Com esse resultado, fica na frente do RS 6 Avant e de seus 580 cv - mas você pode argumentar que a comparação é injusta, já que a perua é maior e mais pesada. Sem problemas. O Audi R8 V10 marcou 4,4 segundos na prova de 0 a 100 km/h (março de 2010) e pesa 1 620 kg, 30 kg a menos que o hatch. Esse mero 0,1 segundo parece desprezível, mas não é, pois estamos falando de esportivos legítimos. Nessa seara, reduzir um décimo de Segundo custa milhares de dólares. Além disso, o RS 3 custa menos da metade do R8 e pode ser usado tranquilamente no dia a dia. Pegando leve no acelerador, dá para fazer 8 km/l na cidade. Nada mau para um carro de 340 cv e tração integral. E, diferentemente do RS 6, o RS 3 é gostoso de guiar. A perua e o cupê têm tocada agressiva e o V10 5.0 ronca forte demais. Parecem carros de corrida e são menos confortáveis no uso diário.
O motor 2.5 turbo do hatchback é o mesmo que equipa o TT RS, e marca o retorno dos cinco-cilindros em linha na Audi - configuração abandonada na metade dos anos 90. Além de beber menos que um V6 e ser mais dócil para uso diário, tem bloco menor e pode ser instalado na transversal, receita perfeita para o A3 vitaminado.
É fácil diferenciar o RS 3 dos irmãos. Salta aos olhos a grade maior e as entradas de ar laterais aumentadas. Não é apenas apelo estético. Um radiador extra foi instalado em frente à roda esquerda e usa a abertura no canto do para choque. Os spoilers de plástico reforçado com fibra de carbono canalizam o ar para equilibrar a distribuição de peso na dianteira, enquanto o aerofólio aumenta o downforce atrás. O visual alargado estende-se à lateral, já que os para-lamas são maiores para comportar as rodas aro 19. Na frente, os pneus 235/35 R19 dão conta dos 45,9 mkgf de torque e também abrigam os discos de freio de 370 mm. Atrás, são menores, 225/35 R19. Segundo o consultor Lothar Werninghaus, a providência evitou o alargamento ainda maior dos para-lamas e deu uma "apimentada" no comportamento do carro. Em outras palavras, acrescentou uma leve tendência ao sobresterço (saída de traseira). Mas é difícil fazer o bólido de Ingolstadt desgarrar, mérito do sistema Quattro, que distribui eletronicamente a tração nas quatro rodas.
A receita inclui o câmbio S-Tronic de sete marchas e dupla embreagem. Na estrada ou em tráfego urbano, as trocas são praticamente imperceptíveis. Quando se pressiona o botão S, no console, o regime de aceleração atrasa as mudanças de marcha enquanto a válvula pneumática no sistema de exaustão abre uma segunda caixa de ressonância. A partir daí, a cada toque no acelerador, a agulha do conta-giros varre o mostrador até os 7 000 giros, enquanto um ronco grave invade propositalmente o habitáculo.
Os mais habilidosos podem se aventurar a desligar o controle de estabilidade para explorar o limite do carro, mas é difícil superar a eletrônica. O tempo que fizemos na pista teve a ajuda do Launch Control, auxiliar de partida que libera para a roda o máximo de tração, sem que o pneu escorregue. O mesmo vale para as trocas de marcha. Você até consegue fazer as mudanças na mão, mas raramente suas escolhas serão melhores que as da transmissão.
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DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Freia com a mesma competência que acelera. Suspensão é dura na estrada, mas impecável na pista. Assistência elétrica elimina esforços nas manobras.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
O conjunto mecânico é uma obra-prima de engenharia. Câmbio de 7 marchas com dupla embreagem é a sensação do momento.
★★★★★
CARROCERIA
Tem alto nível de rigidez estrutural. Atrás do volante dá para sentir que o carro é uma obra de arte. A faixa vermelha nas rodas é discutível.
★★★★
VIDA A BORDO
Conforto não falta, garantindo muita comodidade para uso diário. Mesmo os bancos tipo concha são excelentes em longas viagens. Tem som Bose com Bluetooth e comandos no volante.
★★★★★
SEGURANÇA
Tem ABS, controle de tração e estabilidade para conter ânimos mais exaltados. Consegue até corrigir alguns erros do motorista.
★★★★★
SEU BOLSO
Caro até para os padrões europeus, é uma pechincha perto do RS 6. Considere também o BMW Série 1 M Coupé.
★★★
OS RIVAIS
BMW Série 1 M Coupé
O pequeno tem um motor 3.0 de seis cilindros sob o capô, 340 cv, tração traseira e vai de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos.
Subaru WRX Sti
Hatch ou sedã, tem tração AWD, motor 2.5 tipo boxer de 310 cv e transmissão manual de seis velocidades.
VEREDICTO
Pagar 300 000 reais em um hatch derivado do A3 parece um exagero, mas é metade do preço de outros bólidos. Agrada mais que o RS 6 pela versatilidade. O RS 3 garante emoções num circuito fechado e não reclama de fazer pit-stop no mercado.
FONTE: Quatro Rodas